terça-feira, 20 de abril de 2010

Maus hábitos

Mais um filme que confiro de Almodovar : "MAUS HÁBITOS". Muito bom!! Quem imaginaria que um convento abrigasse freiras tão exóticas a começar pelos nomes: "Irmã Esterco" e "Irmã Rata de Porão"? Yolanda, cantora e drogada, foge ao presenciar a morte de seu namorado por overdose...porém ela vai parar nesse convento de madres mui loucas onde a superiora é viciada em heroína e faz de tudo para que Yolanda não deixe o convento, morrendo de amores por ela.
Pelo pouco que conheço de Almodovar, percebo que em seus filmes ele procura mostrar que aqueles os quais consideramos diferentes, são tão ou mais normais que nós, seres humanos complexos, hipócritas e cheios de tentações!!

Vale a pena conferir!!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

UMA APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES



O livro escolhido para leitura é UMA APRENDIZAGEM OU LIVRO DOS PRAZERES, DE CLARICE LISPECTOR. Recomendo essa leitura a todos para que também se deliciem com a história de Lori, uma garota nascida de alta classe, mas que por opção, e em prol de sua liberdade, decidiu-se ser professora primária e mesmo assim continuava recebendo mesada do pai. Eis que conhece Ulisses, também professor, só que de Filosofia, e entre eles surge uma história regada de muitas pitadas de amor, mas que vai sendo desvendada ao longo da narrativa. Esta marcada por encontros, desencontros e sobretudo a mais perfeita exposição do introspecto feminino lineada por uma contínua caminhada de aprendizagens de ambos, especialmente de Lori, com mostra o excerto: " ...ela está sendo preparada para a liberdade por Ulisses...", mas que também não o exclui dessa aprendizagem, onde ambos estão em busca do prazer e da entrega total:

Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões...." metáfora descrita ao narrar o encontro de Lori com o mar, mas bem que esse mar poderia se chamar Ulisses...

Segue outra poesia da autora, mas não está nesse livro:

O NASCIMENTO DO PRAZER (trecho)

O prazer nascendo dói tanto
no peito que se prefere sentir
a habituada dor ao insólito prazer.

A alegria verdadeira não tem explicação possí­vel,
não tem a possibilidade de ser
compreendida - e se parece com
o iní­cio de uma perdição irrecuperável.

Esse fundir-se total é insuportavelmente
bom - como se a morte fosse o nosso
bem maior e final, só que não é a morte,
é a vida incomensurável que chega a se
parecer com a grandeza da morte.

Deve-se deixar inundar pela alegria
aos poucos - pois é a vida nascendo.

E quem não tiver força,
que antes cubra cada nervo
com uma pelí­cula protetora,
com uma pelí­cula de morte para
poder tolerar a vida.

Essa pelí­cula pode consistir em
qualquer ato formal protetor,
em qualquer silêncio ou em várias
palavras sem sentido.

Pois o prazer não é de se brincar com ele.

Ele é nós.


Autor: Clarice Lispector

terça-feira, 13 de abril de 2010

É lobby, é conchavo, é propina e jeton...

Aura, obra de arte, reprodução técnica, fotografia, valor de eternidade cinema e teatro ...a discussão sobre esses assuntos embasadas nas ideias de Walter Benjamin estão, cada vez mais, aguçando minha ideias e fazendo-me despertar para quão fantasioso é todo esse mercado da indústria da arte que envolve, não só os artistas, ou ditos como tais, mas, sobretudo, aqueles cuja participação é de extrema importância nesse panorama da exposição para valoração de culto.
Bom , hoje vimos que o plano de fundo para todas essas obras, paira na questão da aura que é consequência do discurso travado sobre ela, pricipalmente de quem ou o quê profere esse discurso. Antigamente, não acredita-se que a fotografia fosse cosiderada uma obra de arte, pois a
me
sma era produto de um artefacto, objeto, a câmera e não necessariamente, de alguém que a produz. Porém, Benjamin nos traz que para a fotografia existir é necessário que quem a faz tenha o conhecimento mínimo necessário ou adquira as técnicas para que tenha um bom resultado. Nesse caso, será que o fotógrafo não é também um artista? O que dizer de um pintor que se utiliza também de artefacto, agora digo do pincel, que lhe serve de instrumento para confecção de seus quadros? Este é mais artista que o anterior em quê? Os dois possuem aptidão, mas sobretudo, talento provenientes de técnicas e conhecimentos adquiridos para produção de suas obras.Com isso, paira-se na discussão da fotografia. Esta, durante muito tempo retratava somente o "aqui e agora" e a realidade daquele momento. Hoje em dia, a tecnologia avançou bastante proporcionando que os registros não se limitem apenas a realidade, mas que também abarquem o processo da simulação, o artificial.
Comparando-se uma obra de arte e uma fotografia dessa mesma obra, Benjamin constatou que a segunda tem valor de eternidade em relaçaõ a primeira, pois esta sofre de um desgaste do seu suporte original ou matéria-prima que a confeccionou, enquanto que a segunda irá perpetuar eternamente aquele registro fotográfico, independente do suporte adotado (gelo, cobre, gesso...).
Todavia, nesse caso, ocorre uma perda da aura dessa obra, já que, quem
manteve sua existência foi uma produção imagética dela e não mais sua essência em si. Nesse âmbito, o prof. Edvaldo nos trouxe diversos exemplos que, não só ratificam essa teoria, como nos mostra que para haver essa valorização da obra, ou para ser mais sincera, para que determinada obra seja considerada de fato, uma obra de arte, são necessárias Autoridades para essa assertiva. Algumas delas podem ser provenientes, OU NÃO, de escolas de artes, leitoras e estudiosas do assunto, mas correspondem a uma pequeniníssima percela da população. Outras autoridades são representadas por instituições, leia-se museus, galerias, universidades, que fazem com que aquilo que não é, passe a ser, pois já possuem o contexto propício para sua fabricação. Um coisa, é um cabo de vassoura na cozinha de minha casa, outra - bem diferente por sinal- é esta mesma vassoura, exposta em um museu renomado. Logo, percebo que determinada obra só é considerada arte quando sai daquele cotidiano e é exposto em local que a destaca para ser considerada como tal. Entretanto, surge então uma outra autoridade, dessa vez mais influenciadora que as demais, são as personalidades. Estas podem ter, OU NÃO, um link com tais obras - leia-se interesses financeiros, amorosos, sexuais e em último caso, a apreciação - para que intervenham na sua exposição e divulgação para o mercado. Nesse tocante, temos as famosas amizades do artista renomado com nãoseiquenzinho da música, teatro cinema, artes ou aquela que é a mais poderosa, quiça perversa e ditadora das outras autoridades, estou falando da MÍDIA, aqui representada por aquela caixinha formadora de opiniões, moda e costumes, a TV.
No entanto, existe algo maior por detrás de todas essas autoridades para o consenso de que tal obra é arte e fará sucesso, que é o DISCURSO. Daí traçamos uma comparação, será que o artesanato também é uma obra de arte?? Embasados nas ideias acima vimos que para ser considerado como tal, deve estar acompanhado de discursos e toda a sua equipe: um VIVA para lobby, jabá e a propina !!!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Sessão Almodóvar

Começou a temporada da
sessão Almodóvar!!!!

Contagem progressiva para assistir todos os filmes do cara!!!!
Já comprei 10 Kg de pipoca e uma
grade de refri!
Agora é preparar a poltrona e PLAY!!!!!




















Admirável mundo novo


Um livro recomendado pelo prof. Edvaldo que estou muito interessada em ler. Segue sinopse, by Wikipedia:

Admirável Mundo Novo (Brave New World na versão original em língua inglesa) é um livro escrito por Aldous Huxley e publicado em 1932 que narra um hipotético futuro onde as pessoas são pré-condicionadas biologicamente e condicionadas psicologicamente a viverem em harmonia com as leis e regras sociais, dentro de uma sociedade organizada por castas. A sociedade desse "futuro" criado por Huxley não possui a ética religiosa e valores morais que regem a sociedade atual. Qualquer dúvida e insegurança dos cidadãos era dissipada com o consumo da droga sem efeitos colaterais chamada "soma". As crianças têm educação sexual desde os mais tenros anos da vida. O conceito de família também não existe.

E por falar nisso, segue letra da música de Pitty que, apesar do trocadilho do título, ilustra um pouco essa ideia, ou não...

Admirável Chip Novo
Pitty
Composição: Pitty
Pane no sistema, alguém me desconfigurou
Aonde estão meus olhos de robô?
Eu não sabia, eu não tinha percebido
Eu sempre achei que era vivo
Parafuso e fluído em lugar de articulação

Até achava que aqui batia um coração
Nada é orgânico, é tudo programado
E eu achando que tinha me libertado
Mas lá vem eles novamente
E eu sei o que vão fazer:
Reinstalar o sistema

Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Tenha, more, gaste e viva

Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga...
Não senhor, Sim senhor (2x)

Pane no sistema, alguém me desconfigurou
Aonde estão meus olhos de robô?
Eu não sabia, eu não tinha percebido
Eu sempre achei que era vivo
Parafuso e fluído em lugar de articulação

Até achava que aqui batia um coração
Nada é orgânico, é tudo programado
E eu achando que tinha me libertado
Mas lá vem eles novamente
E eu sei o que vão fazer:
Reinstalar o sistema

Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Tenha, more, gaste e viva

Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga...
Não senhor, Sim senhor (2x)

Mas lá vem eles novamente
E eu sei o que vão fazer:
Reinstalar o sistema.

Eu etiqueta



Em alusão essa discussão sobre alienação ( e aqui faço menção ao filme Tempos modernos, de Chaplin) , lhes trago uma poesia da qual gosto muito de nosso querido Drummond:

“Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, premência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.”

Carlos Drummond de Andrade
(Trecho do poema “Eu Etiqueta”)

às voltas com Benjamin


pois é...a discussão sobre o texto "A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica" vai de vento em polpa e os exemplos e analogias trazidas pelo professor esclarecem mais sobre essa produção mercadológica e mercenária em que se tornou a indústria fonográfica, capitalista, artística e cultural contemporâneas. É o que Marx já apelidade de mais valia e que representa hoje esse consumo desenfreado segundo a ótica capitalista que desencadeia ações para suprir o desejo do imediato e instâtaneo em prol de prazeres, muitas vezes, efêmeros, frutos desde o modismo estampados nas capas de revistas, dos sites de fofocas e indústria do paparazzo, até o produto exposto na mão da atriz global que rouba a cena da trama. Alienação total??? Onde estão nossas identidades?? Onde está nossa áurea?? Semblantes reproduzem oa makes do momento e nos vemos todos iguais...e ai de quem estiver fora da"tribo". Essa perda da identidade em função de uma aceitação social traduz, para mim, uma analogia da reprodutibilidade tal qual afirmava Benjamin, só que desta vez não tão somente técnica, mas sobretudo idiossincrática.



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